Estado promove diálogo sobre o futuro socioeconômico do Baixo Jacuí em transição para fontes limpas
Segunda reunião de uma série de encontros com a comunidade para construção do Plano Estadual de Transição Energética Justa
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A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), por meio do Departamento de Mineração (DM), realizou, nesta quinta-feira (22/5), na Câmara Municipal de Butiá, a segunda reunião pública do Plano de Transição Energética Justa (TEJ), com foco nos municípios do Baixo Jacuí. O encontro teve como objetivos promover a participação popular, por meio de contribuições diretas na formatação do plano, e apresentar as etapas previstas para sua construção.
Elaborado pelo consórcio WayCarbon – Centro Brasil no Clima (CBC), contratado pelo governo estadual como consultoria técnica, o plano é desenvolvido com base em um processo participativo junto às comunidades impactadas pela transição. Cerca de 80 pessoas participaram presencialmente, lotando o espaço. A reunião também foi transmitida ao vivo pela página da Câmara Municipal de Butiá no Facebook, permitindo que moradores de toda a região acompanhassem os debates de forma remota.
Organizado em parceria com a Associação de Câmaras de Vereadores da Região Carbonífera (ACVERC), o encontro reuniu moradores, lideranças locais e representantes de municípios historicamente ligados à cadeia produtiva do carvão, como Triunfo, Charqueadas, Eldorado do Sul, Minas do Leão e Butiá.
Representando a Sema, o secretário adjunto Marcelo Camardelli destacou a importância de garantir que a transição energética ocorra de forma justa e equilibrada.

“Estamos aqui para ouvir todos — tanto os que defendem a permanência do carvão quanto os que são contrários ao seu uso. Essa pluralidade de vozes enriquece o trabalho da consultoria e fornece insumos valiosos para podermos tomar as melhores decisões”. Ele ressaltou que o plano está sendo construído com base em um processo de escuta ampla e democrática, visando à construção de um modelo de desenvolvimento sustentável.
A coordenadora de projetos do consórcio WayCarbon – Centro Brasil no Clima (CBC), Raiana Soares, iniciou sua participação destacando a responsabilidade envolvida no processo e a importância de se reconhecer os níveis de dependência das comunidades em relação à economia do carvão. Para ela, as mudanças devem ser planejadas com atenção aos impactos sociais. Raiana explicou que o plano não propõe um caminho único, mas sim diferentes estratégias possíveis, baseadas em critérios técnicos, para apoiar o Estado na construção de soluções adaptadas às realidades locais.
Nesse contexto, o secretário Marcelo Camardelli reforçou que os estudos conduzidos pelo consórcio servirão como insumos fundamentais para subsidiar decisões do governo estadual. “A transição energética não é uma simples virada de chave — ela exige tempo, planejamento e recursos. Os insumos gerados por esse trabalho permitirão avaliar caminhos viáveis”, afirmou.
Raiana apresentou aos participantes as principais etapas do Plano de Transição Energética Justa, que visa uma transição sustentável nas regiões carboníferas, identificando vocações econômicas locais e explorando novas fontes de energia. A proposta contempla alternativas ao uso do carvão, ações de qualificação profissional, atração de investimentos e fortalecimento das economias locais.

O plano está estruturado em três grandes etapas: atividades preparatórias; diagnóstico das condições locais e avaliação do potencial de transição; e a elaboração da estratégia de atuação. Ao todo, serão entregues 14 produtos técnicos até novembro, incluindo estudos sobre o setor energético, alternativas de descarbonização, análise de vulnerabilidades energéticas e identificação de fontes de financiamento climático.
Após a apresentação técnica, foi aberto espaço para que os participantes presencialmente inscritos expusessem suas contribuições, permitindo que representantes de organizações da sociedade civil, vereadores e moradores locais compartilhassem suas percepções, preocupações e expectativas em relação à transição. Todas as manifestações foram registradas e serão analisadas pelo consórcio.
O governo do Estado também tem investido em ações complementares à transição energética, como a articulação de memorandos de entendimento com municípios e empresas para fomentar o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio verde (H2V). Essas iniciativas integram o programa Avançar na Sustentabilidade, que conta com um investimento total de R$ 52 milhões.
Estiveram também presentes no encontro o deputado estadual Pedro Pereira; o presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Ademir Baretta; o diretor da empresa Copelmi Mineração, Carlos Faria; e o presidente da Associação Brasileira do Carbono Sustentável, Fernando Luiz Zancan, além de representantes de associações setoriais, sindicatos, universidades, secretários e vereadores de diferentes municípios da região.
Consulta Pública
Seguem abertas as possibilidades de contribuições para serem avaliadas pelas equipes técnicas na elaboração do plano. A consulta pública online permanece disponível até o dia 27 de maio e é uma oportunidade para que qualquer cidadão participe ativamente do processo, enviando sugestões, preocupações ou propostas relacionadas à transição energética nas regiões carboníferas.
As contribuições recebidas poderão ser incorporadas ao documento final, reforçando o compromisso com uma construção coletiva e representativa.
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