Licenciada pela Fepam, empresa de compostagem investe em biodigestores e traz projeto pioneiro ao Rio Grande do Sul
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Em visita ao Vale do Taquari, uma comitiva da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) conheceu uma das unidades da empresa Folhito Comércio de Adubos Orgânicos. Com um projeto pioneiro no Brasil, a empresa tem inovado em produção sustentável baseada em um modelo conjugado que utiliza compostagem e biodigestores.
Com a Licença de Operação (LO) emitida pela Fepam em outubro de 2019 para a unidade de Estrela, os empreendedores estão em fase de finalização do projeto que transforma materiais orgânicos em energia por meio da captura de gás. A empresa já produz cerca de 80 mil toneladas por ano de adubo a partir de resíduos industriais e agropastoris orgânicos nas unidades de Lajeado e São Gabriel.
Na nova planta, é possível conhecer os tanques de biodigestão construídos em concreto armado, desenvolvidos pela própria empresa. De acordo com um dos proprietários, Fernando Lanius, “o projeto, embora tenha tecnologia europeia, é genuinamente gaúcho. A mão de obra é de uma construtora de Lajeado, as formas utilizadas são de Panambi e a engenharia, de Santa Maria”, explica.
Após a inauguração, prevista para setembro, 18 mil m³ de gás devem ser produzidos diariamente, utilizando cerca de 600 toneladas de resíduos. O gás é gerado a partir da decomposição de materiais orgânicos dentro do reator de biodigestão. Ele é capturado por meio de uma lona em forma de cúpula instalada sobre os tanques, depois, o gás segue por tubos e vai para a purificação e compressão ou queima em geradores.
Os fertilizantes utilizados na agricultura já são comercializados em todo o Estado e em outras cidades da região sul do Brasil. Já o gás dos biodigestores será utilizado para gerar a energia elétrica da própria empresa ou vai ser vendido a outras unidades industriais. “Entendemos que estamos aproveitando resíduos de centenas de empresas, além de conservarmos o solo com nutrientes no ciclo da agricultura”, lembra Lanius.
Segundo a presidente da Fepam, Marjorie Kauffmann, esse projeto é de extrema importância pois coloca o Estado em uma posição de destaque no país no desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis. “É resíduo sendo transformado em ativo econômico com energia renovável e limpa”, diz.
O secretário-adjunto da Sema, Paulo Roberto Dias Pereira, ressalta que a geração de energia, em todas as suas vertentes, é um dos setores com maior potencial de desenvolvimento no Rio Grande do Sul. De acordo com ele, por meio de políticas públicas, como a Lei nº 15.377 proposta pela deputada Zilá Breitenbach e sancionada pelo governador Eduardo Leite, que institui a Política Estadual do Biogás e do Biometano, o Estado pretende avançar tanto economicamente, quanto na proteção ambiental.
Paulo acrescenta que a Folhito é um exemplo que certifica como o desenvolvimento gera proteção. “A empresa recebe dejetos da suinocultura e avicultura, segmentos tão importantes e numerosos no nosso Estado, e transforma o que seria um problema ambiental em proteção ambiental e riqueza”, destaca.
O investimento da unidade em Estrela chega a R$ 25 milhões. Uma parcela dos recursos foi proveniente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com repasse da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), que oferece subsídios para iniciativas sustentáveis.
Conheça o passo a passo do processo:
Texto: Bárbara Corrêa
Edição: Vanessa Trindade