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Expedições

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Por Mapa: Felipe Rangel

O Caminho das Araucárias é uma iniciativa que reúne diversos atores, entre eles está a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA), que firmou um Acordo de Cooperação Técnica como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBIO) em 2018 como objetivo de implementar uma trilha de longo curso, denominada de Caminho das Araucárias.

Leia o relato da expedição realizada entre o Cânion da Pedra ao sul do Cânion Fortaleza até a serra da Rocinha, com objetivo de mapear um caminho viável que possa proporcionar uma vivência genuína do futuro visitante com o contato com a biodiversidade local de modo seguro, proveitoso e com geração de renda para a comunidade local,  sempre destacando os pontos no GPS das áreas de turfeiras, pontos de coletas de água, áreas de possíveis campings e potenciais mirantes.

RELATO DE EXPEDIÇÃO REALIZADA ENTRE O CÂNION DA PEDRA AO SUL DO CÂNION FORTALEZA ATÉ A SERRA DA ROCINHA

1ºdia de expedição

No raiar do dia, iniciamos a caminhada, inebriados pela paisagem dos primeiros raios de sol contornando os paredões dos cânions, tínhamos como objetivo verificar a viabilidade de um dos possíveis trechos do Caminho das Araucárias. Percorremos, primeiramente, a borda do cânion da Pedra e logo, para a nossa surpresa, chegamos a um local que provavelmente será um dos mirantes mais belos do percurso. Sentindo o frescor do vento da manhã a 900 metros de altura, a nossa frente estava a imensidão do oceano Atlântico, a norte o litoral de Santa Catarina a leste o cânion da Pedra e ao longe ainda era possível ver a borda das paredes do Cânion Fortaleza, cada vez mais distante. Depois de algumas horas caminhando entre cerros, paredões e pequenos córregos de água, mapeando pontos de abastecimento de água e desviando dos incontáveis obstáculos pelo caminho, avistamos uma casa de pedra, possivelmente um local de apoio para alguma propriedade rural que se avizinhava. Não tivemos dúvida que está casa seria um excelente refúgio para pernoite dos caminhantes, registramos sua coordenada para, posteriormente, localizarmos o seu proprietário. Seguimos a caminhada em direção norte, cada vez mais convencidos sobre o potencial do trecho, sempre que podíamos mapeávamos o traçado o mais próximo possível da borda dos cânions. Já tínhamos caminhado mais de 10 km quando entramos em um bosque repleto de Araucárias, árvore belíssima, típica da região que, em sua homenagem, deu nome ao caminho. Foi sobre o manto de suas copas que registramos no GPS mais um local para descanso e abastecimento de água. Mais alguns quilômetros depois, o sol, que nos acompanhou por todo o dia, iniciava sua descida entre os cerros, evidenciando ainda mais a beleza dos campos de altitude, nativos do sul do Brasil. Depois de percorrer 17,4 km acampamos na beira do vértice de mais um cânion. Enfim, era hora de descansar e contemplar a beleza da noite.

2ºdia da expedição

 Novamente, nas primeiras horas do dia despertamos, neste segundo dia, o sol, que no dia anterior nos desafiou com seu calor, deu lugar para a beleza, muitas vezes rude, da viração, fenômeno típico dos cânions do sul, formado por uma névoa densa, fria e desorientadora. Foi importante experimentar esse fenômeno para pensarmos em medidas de segurança ao caminhante. A chuva e o vento forte nos acompanhou porto do o dia. Em nossas costas estavamos 20km já percorridos, o retorno não era mais viável. Neste dia, tivemos que recorrer ao GPS devido a neblina e muitas vezes foi necessário desviar o caminho planejado para otimizar a progressão da caminhada, até porque uma equipe faria nosso resgate no final da trilha e um atraso significativo poderia trazer certo transtorno e preocupação.   O entusiasmo contagiante dos integrantes da expedição, mesmo sob a condição extrema em que estávamos, compensou a frustração de não ter sido possível registrar alguns dos mirantes almejados durante o planejamento da expedição. Sem problemas! Os cânions continuariam lá, era o momento de pensar na segurança da expedição. Terminamos o dia, molhados e cansados no entorno de uma velha casa abandonada, outro possível ponto de acampamento para futuros caminhantes, com terreno plano e água próximo.

Ultimo dia da expedição

O último dia de uma expedição, seja ela de três ou dez dias, é uma mistura de sentimentos, o cansaço já aflorado dá lugar para uma mente focada em concluir o trajeto. Esse foco foi especialmente importante pois o desvio que fizemos para encurtar o caminho nos levou para um trecho repleto de sobe e desce sem parar, mais uma vez o propósito da expedição foi comprovado, experimentar a trilha com uma equipe fisicamente e mentalmente preparada para adversidades se mostrou importante. Não tivemos dúvidas, os últimos 5 kms não integrariam ao Caminho das Araucárias devido a sua dificuldade. Este trecho será redirecionado para perto da borda do cânion afastando o caminhante do desgaste que enfrentamos. Ao longo do último dia o tempo foi melhorando e o entusiasmo voltou a refletir na progressão da caminhada. Outros cânions foram registrados para se tornarem mirantes, novos pontos de abastecimento de água e locais para descanso foram mapeados. Quanto mais próximos da Serra da Rocinha avançávamos, mais limpo o céu se tornava. E foi assim, depois de caminhar por 42 km, na beira do cânion da Rocinha, que mais um possível trecho do Caminho das Araucárias foi percorrido. As condições desfavoráveis dificultaram um pouco o nosso trabalho, mas estávamos satisfeitos e com plena certeza de que este trecho é um dos mais belos,interessantes e desafiadores entretantos outros que há no Caminho das Araucárias. Abrimos caminho para as próximas fazes de implementação do trecho, as propriedades rurais serão mapeadas e os estabelecimentos turísticos serão contatados e caso se tornem uma propriedade parceira do Caminhodas Araucárias, a trilha será sinalizada e aberta ao público.

CAMINHO DAS ARAUCÁRIAS EXPEDIÇÃO (.pdf 3,01 MBytes)


Sema - Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura