Das dunas aos diques: comitiva conhece soluções de proteção contra desastres naturais nos Países Baixos
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
O terceiro dia da missão oficial aos Países Baixos foi dedicado a conhecer diferentes estratégias de adaptação climática, desde tecnologias inovadoras de proteção costeira até sistemas urbanos de prevenção a enchentes. A comitiva gaúcha iniciou o domingo visitando o Sand Engine, projeto que usa as forças da natureza para proteger o litoral, e encerrou o dia conhecendo a província de Zeeland, região que transformou a tragédia da enchente de 1953 em aprendizado. "Os neerlandeses mostram como é possível desenvolver uma nova relação com a água. Eles aprenderam a trabalhar com a natureza, não contra ela, seja na proteção do litoral ou na adaptação das cidades", destacou o governador Eduardo Leite.

O Sand Engine, apresentado pela professora Taneha Bacchin, gaúcha radicada em Roterdã, é um exemplo dessa abordagem. O projeto envolveu a deposição de 21,5 milhões de metros cúbicos de areia que, gradualmente, é distribuída ao longo da costa pelas próprias ondas, correntes e ventos. “Este é um exemplo do conceito Building with Nature, construir com a natureza. Usamos as forças naturais a nosso favor, reduzindo custos e criando soluções mais sustentáveis", explicou Bacchin.
À tarde, a comitiva visitou Middelburg, capital da província de Zeeland, onde conheceu o Molenwaterpark, um espaço urbano histórico que foi adaptado para prevenir alagamentos. O parque, reestruturado em 2018, combina preservação histórica com tecnologia moderna: possui um sistema de gestão de águas pluviais capaz de reter até 2 mil metros cúbicos de água durante chuvas intensas, equivalente a 100 mil barris. "Nossa cidade aprendeu com a tragédia de 1953 que precisamos estar sempre preparados. O Molenwaterpark é um case de como podemos adaptar espaços históricos para os desafios climáticos sem perder nossa identidade cultural", destacou o vice-prefeito, Jeroen Louws, durante a recepção à comitiva.

A agenda incluiu ainda visitas ao Flood Museum, que preserva a memória da enchente de 1953, e ao Deltapark Neeltje Jans, onde está instalado o maior sistema de proteção contra tempestades do mundo. A estrutura é parte do Plano Delta, implementado após o desastre que causou o rompimento de 67 diques só em Zeeland. "Vemos aqui como é possível transformar áreas vulneráveis em territórios resilientes, desde que haja planejamento e investimento consistente em soluções adequadas", afirmou Leite.
As experiências conhecidas na missão servem como inspiração para o desenvolvimento do Plano Rio Grande, estratégia do governo estadual para reconstrução e adaptação após as enchentes que atingiram o estado em 2024.
Além do governador, participam da comitiva os secretários da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, e do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, o chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil, Luciano Boeira, e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.
Texto: Juliano Rodrigues/Secom
Edição: Secom