Bugio: o anjo-da-guarda da febre amarela
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Por ser uma doença de origem africana, os macacos são bem mais sensíveis a febre amarela do que os humanos. A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por mosquitos. Além do homem, os macacos também podem ser infectados e o mosquito ao picar um portador da doença, torna-se transmissor.
Desta forma, com a alta mortalidade de primatas, estes tornam-se sentinelas, ou seja, são uma forma de alerta à população de que o vírus está circulando em um determinado local.
Uma das espécies de macacos nativos do Rio Grande do Sul, o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) consta nas listas de espécies ameaçadas estadual, nacional e mundial (Decreto SEMA nº 52.109/2014; Portaria ICMBio nº 444, 2014; CITES, 2011) e sua população encontra-se decrescente devido a conflitos com meio urbano tais como eletrocussão, atropelamento, ataques de cachorro, e também infecção por febre-amarela e maus-tratos. São animais arborícolas, tímidos, de hábito tranquilo.
Estudiosos asseguram que é impossível que os macacos sejam os transmissores da doença, considerando que os mesmos utilizam áreas muito pequenas de fragmentos florestais que dificilmente se conectam entre si. Sendo assim, fica claro que o fator de dispersão do vírus é o homem infectado e o mosquito contaminado.
Por isso, conforme explica a bióloga Isabel Lermen, do setor de Fauna do Departamento de Biodiversidade da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) os macacos devem ser protegidos e não maltratados. A técnica ressalta ainda que matar ou cometer quaisquer atos de maus-tratos com animais silvestres é crime ambiental previsto em lei (Lei 9.605/1998; Decreto Federal 6.514/2008; Decreto Estadual 53.202/2016).